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Contos de Azrael – relatos com Padre Gonzales 18 – Kobal

Era uma noite de inverno sombria, quando o bobo da corte chegou ao Castelo . Seu nome era Malgrim, e trouxe com ele um arrepio que nenhum inverno poderia igualar. As luzes queimavam fracamente no grande salão do castelo enquanto os convidados observavam com olhares curiosos o bobo da corte, vestido com trajes multicoloridos que pareciam ofuscar a escuridão da noite.

Os nobres e servos cochichavam entre si enquanto Malgrim se apresentava com suas acrobacias, piadas e canções perturbadoras. Cada risada parecia mais gélida do que a anterior, enquanto ele executava suas travessuras sobrenaturais, fazendo moedas aparecerem do ar e lenços se transformarem em névoa.

Mas à medida que os dias passavam, coisas estranhas começaram a acontecer. Membros do castelo desapareceram misteriosamente. Primeiro, foi o cozinheiro, cujo grito ecoou pelos corredores antes de ser silenciado pelo vácuo da escuridão. Todos ficaram apreensivos. Duas semanas se passaram e nenhum sinal do corpo do antigo cozinheiro.

Nisso, durante uma nova apresentação, a filha do duque, uma bela jovem de olhos inocentes, evaporou logo depois de uma dança com Malgrim. De início, suspeitamos de seu noivo, que poderia ter agido em má fé por ciúmes. Assim, o deixamos preso no calabouço por semanas. Durante as próximas 2 semanas, mais pessoas desapareceram. Foram 3 no total, todas criadas.

Eu, um simples escriba a serviço do castelo, observei tudo isso com crescente horror. Eu sabia que algo estava terrivelmente errado com aquele bobo da corte, mas ninguém mais parecia notar. O conde, o anfitrião, estava encantado com as habilidades de entretenimento de Malgrim, cegado por sua própria vaidade.

Conforme os dias se arrastavam, o castelo se metamorfoseava em um antro de pesadelos. Os gritos ecoavam pelos corredores, enquanto as sombras se contorciam à luz das velas, adotando formas sinistras que eram acompanhadas por risos que gelavam a espinha. Uma presença maligna se insinuava por todos os cantos do castelo, uma força impossível de se ignorar.

Fui em busca de respostas, vasculhando os livros antigos na biblioteca empoeirada do castelo. Lá, encontrei um grimório que descrevia criaturas antigas e demoníacas, e suas habilidades de ilusão e engano. Uma criatura se destacou: Kobal, o bobo da corte demoníaco. Ele era conhecido por se infiltrar em reinos humanos, causando caos e desaparecimentos antes de desaparecer, deixando um rastro de horror.

Fui compelido a confrontar o conde com a verdade, mas ele resistiu com todas as suas forças. Era evidente que havia um encanto sombrio que o mantinha sob o controle do bobo da corte. No fundo, o conde sabia que eu estava correto, mas sua lealdade a Malgrim era mais forte do que qualquer resquício de racionalidade. Neste momento Kobal aparece. Ele já devia está lá faz tempo, pois estava ciente de toda a conversa. Deu gargalhadas de minhas suspeitas. Gargalhadas essas, que me pareciam muito com as risadas sinistras que escoavam pelo castelo durante as noites.

O conde, consumido pela raiva e pela confusão, me expulsou do salão aos berros. Seus olhos estavam injetados de sangue devido à fúria que o dominava. Eu sabia que não poderia mais ficar no castelo, pois minha vida estava em perigo iminente. Era apenas questão de tempo antes que me prendessem injustamente.

Naquela mesma noite, reuni meus poucos pertences e escapei às pressas do castelo, enquanto as sombras da noite ocultavam minha fuga. Estava convencido de que a perseguição era iminente. Passei semanas vagando de lugar em lugar, sempre com a constante sensação de estar sendo seguido. Às vezes, eu pensava que eram os homens do castelo em busca de vingança, mas em outras ocasiões, o medo sussurrava que algo ainda mais sinistro estava à minha espreita, esperando o momento certo para me alcançar. Minha busca incessante por um refúgio seguro continuava.

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